Minuto Mercado

SEMANA 27/03 A 31/03

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Os principais acontecimentos da semana que poderão influenciar a cotação do dólar de acordo com nossa consultoria econômica externa:

  • Nota do Setor Externo Brasil - Fevereiro (segunda-feira 8h30)
    Estimativa: US$ -5,4 bi / efetivo US$ -2,8 bi
    As contas externas trouxeram uma mensagem positiva em fevereiro – o que contribuiu para a apreciação do real na abertura do mercado. O déficit em conta corrente foi menos negativo que o esperado, com uma balança de bens mais forte e remessas de lucros e dividendos e despesas com juros menores. Por outro lado, o investimento estrangeiro direto (FDI) ficou abaixo do esperado (US$ 6,5 bi vs est. US$ 10 bi), mas permaneceu em patamar elevado, correspondendo a 4,5% do PIB.
  • Ata do Copom - Brasil (terça-feira 8h)
    Ainda que o comunicado tenha aberto algum espaço para futuros cortes da taxa Selic, o seu tom foi mais duro que o esperado na semana passada, quando o Comitê manteve a taxa inalterada (em 13,75% a.a.). Isso contribuiu para uma alta dos prêmios de risco, já que o mercado vislumbrava quedas de juros em um horizonte mais próximo. A ata deve dar mais clareza quanto à postura prospectiva do Banco Central, diante da atual conjuntura. Nesse contexto, um tom mais hawkish tende a desvalorizar do real.
  • Nota de Crédito Brasil - Fevereiro (quarta-feira 8h30)
    Estimativa: R$ 5,4 bi
    O cenário comprometido do crédito persiste como um vetor baixista à atividade doméstica – conforme citado inclusive pelo BCB em seu comunicado, ao destacar este fator como um possível risco de baixa para a inflação. Concessões mais fraca e/ou uma taxa de inadimplência mais pressionada tendem a desvalorizar o real.
  • PIM Brasil - Janeiro (quinta-feira 9h)
    Estimativa: -0,2% MoM

    Após a estabilidade registrada em dezembro, a indústria deve recuar na margem. Esse resultado reflete as condições financeiras mais restritivas, que têm impactado a atividade desde o último trimestre. Resultados mais fortes tendem a apreciar a real.
  • Deflator do PCE EUA - Fevereiro (sexta-feira 9h30)
    Estimativa: 0,3% MoM
    A despeito das questões dos bancos nos EUA, o FOMC decidiu, na semana passada, continuar seu aperto monetário com uma nova alta de 25 pontos nas Fed Funds devido à resiliência da inflação – que preponderou sobre o temor com relação à liquidez. Assim, dados abaixo da expectativa tendem a enfraquecer o dólar.

O dólar se enfraqueceu na semana passada devido à decisão do FOMC, que optou por continuar seu aperto monetário, mas sinalizou que o ciclo estaria mais próximo de terminar. Apesar do avanço da projeção da inflação de 2024, Powell indicou que a questão dos bancos nos EUA poderia levar a condições de crédito mais restritas, o que eventualmente substituiria novas altas por parte da instituição. O mercado reagiu positivamente à possibilidade de o país não entrar em uma recessão devido à sua política monetária restritiva, mesmo que não sejam esperados cortes ainda neste ano. Por outro lado os flash PMIs americanos de março ficaram acima das expectativas, apontando resiliência da atividade no país – o que aumentou a percepção de que as próximas decisões sejam data dependente.

O real terminou a semana ligeiramente mais apreciado, porém com pior performance relativa, refletindo a decisão de juros interna. O comunicado do Copom deu ênfase à desancoragem das expectativas, o que contribuiu para as altas de suas projeções de inflação. Mesmo reconhecendo que os riscos fiscais tenham se moderado e que o crédito persista como um vetor de baixa ao desempenho da atividade, o tom hawkish do Comitê reverteu a visão de parte do mercado, que já precificava cortes de juros a partir de maio. Além disso, o adiamento para abril do anúncio do novo arcabouço fiscal também atuou e forma a aumentar a aversão ao risco. Já o IPCA-15 de março (0,69%) mostrou melhora na dinâmica da inflação corrente, com desaceleração dos núcleos.

Nessa semana, com o adiamento da viagem do Presidente à China, volta a estar no centro das atenções a possível divulgação da proposta fiscal da Fazenda. De todo modo, o real deve continuar volátil. Lá fora, a agenda é relativamente mais esvaziada.