Minuto Mercado

SEMANA 01/05 A 05/05

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Os principais acontecimentos da semana que poderão influenciar a cotação do dólar de acordo com nossa consultoria econômica externa:

  • ISM da Indústria  - EUA (segunda-feira 11h)
    estimativa 46,8
    A economia americana tem dado sinais de desaceleração, com investimentos mais fracos (segundo abertura do PIB) e sondagens deprimidas, apesar de sua resiliência. Logo, espera-se que o aperto monetário leve os EUA a uma recessão, ainda que leve, prospectivamente. Como o setor manufatureiro americano já apresenta um NUCI menos pressionado, resultados abaixo do esperado tendem a fortalecer o dólar.
  • JOLTS EUA - Março (terça-feira 11h)
    Estimativa: 9655k
    Antecedendo o Payroll e o FOMC, esse dado deve indicar a dinâmica do mercado de trabalho americano – ainda resiliente, conforme outros dados de mais alta frequência, como os pedidos de auxílio desemprego. Na atual conjuntura de juros em patamares restritivos, dados acima das projeções tendem a apreciar o dólar.
  • FOMC - EUA (quarta-feira 15h)
    Estimativa: 5,25%
    Embora a questão dos bancos nos EUA tenha diminuído as chances de altas de juros em alguma medida, dados recentes corroboraram a postura mais hawkish do banco central americano. Assim, o consenso do mercado é de uma nova – e última – alta nas Fed Funds. A estabilidade e/ou um discurso mais dovish de Powell (às 15h30) tendem a enfraquecer o dólar.
  • Decisão de taxa de juros do BCE - Zona do Euro (quinta-feira 9h15)
    Estimativa: 3,25%
    Apesar de alguns dados indicarem alguma desaceleração econômica, a persistência da inflação – principalmente dos núcleos – deve preponderar sobre a decisão do Banco Central Europeu. Recentemente, tem sido destaques falas de cunho hawkish de autoridades da região. Uma alta maior que a projetada e/ou discursos mais duros tendem a fortalecer o dólar, indiretamente.
  • Payroll EUA - Abril (sexta-feira 9h30)
    Estimativa: 180k
    O índice de custo de emprego, principal medida acompanhada pelo Fed para salários, avançou de 0,8% para 1,4% no 1º trimestre de 2023 (excluindo benefícios). Assim, segue em foco a inflação de serviços, uma vez que esta tende a ser contaminada por rendas mais elevadas. Portanto, além do número registrado na folha de pagamentos em abril, o investidor deve também se atentar à taxa de desemprego e ao ganho médio por hora – divulgados conjuntamente. Dados que indiquem maior resiliência da economia tendem a fortalecer o dólar no atual ambiente de juros altos.

O ambiente externo permanece favorecendo a volatilidade do dólar. De um lado, a composição do PIB americano (1,1% QoQ vs est. 1,9%) indicou força do consumo das famílias e o resultado do PCE de março trouxe revisão altista do núcleo da inflação de fevereiro (de 4,6% YoY a 4,7%). De outro, tanto a aprovação do projeto do presidente do Congresso americano, para elevação do teto da dívida, quanto a temporada de impostos melhor de abril atuaram de forma a diminuir os prêmios de risco, já que diminuem a chance de um eventual calote por parte dos EUA. Porém outros elementos impediram um maior risk-on na semana, como declarações sobre uma possível alta de 50bps nos juros da Zona do Euro, sinais ainda mistos vindos de dados chineses e os resultados trimestrais piores que o esperado do First Republic Bank. Assim, o efeito líquido do DXY foi de alta na semana.

Apesar disso, o real registrou apreciação, refletindo o noticiário político local. Preponderou sobre a decisão dos agentes econômicos a decisão do STJ, que abriu espaço para o aumento da arrecadação, facilitando o atingimento da meta primária de 2024. A exclusão da base de cálculo do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) – benefícios concedidos às empresas pelo ICMS – foi votada unanimemente. Essa medida é uma das principais fontes de novas receitas pretendidas pelo Ministério da Fazenda, com potencial de arrecadação de R$ 80-90 bilhões. Já com relação aos dados, destaque para o IPCA-15 de abril (0,57% MoM vs est. 0,60%). Ainda que os núcleos tenham acelerado na margem, a deflação do atacado tende a continuar contribuindo para a continuidade da desinflação dos preços de bens industriais. Além disso, o patamar ainda elevado das taxas de inadimplência deve limitar a inflação de serviços.

Nessa semana de liquidez reduzida por conta do feriado, serão destaques os dados externos. Tanto as decisões de juros quanto os PMIs da China indicarão a performance global prospectiva. Aqui, apesar do consenso, também terá destaque o Copom, uma vez que o debate acerca de cortes na taxa Selic tem crescido.