Minuto Mercado

SEMANA 28/11 a 02/12

5 minute read

Os principais acontecimentos da semana que poderão influenciar a cotação do dólar de acordo com nossa consultoria econômica externa:

ü  Nota de crédito Brasil - Outubro (segunda-feira 9h)
Os juros mais restritivos têm comprometido a renda das famílias – dados recentes de inadimplência já mostram uma dinâmica pior. Tanto essa abertura, quanto as concessões das linhas de crédito (como cheque especial) podem indicar o desempenho do consumo no próximo ano, em um ambiente de desaceleração externa e imprevisibilidade fiscal. Concessões mais fortes e uma taxa de inadimplência mais moderada tendem a favorecer o real.

ü  Caged Brasil - Outubro (terça-feira 9h30)
estimativa:
212 mil
O mercado de trabalho formal deve arrefecer em relação a setembro, quando gerou 278 mil vagas, mas permanecer resiliente apesar do aperto nas condições financeiras. Surpresas altistas tendem a apreciar o real.

ü  PNAD Brasil - Outubro (quarta-feira 9h)
estimativa: 8,5%
Assim como para o Caged, é esperado que a taxa de desocupação da PNAD, que considera também o mercado informal, mostre resiliência do mercado de trabalho. Além disso, é importante observar dados da massa salarial e da renda disponível, que antecipam a dinâmica inflacionária. Um dado acima do esperado enfraqueceria o real.

ü  PIB Brasil - 3º Trimestre (quinta-feira 9h)
estimativa: 0,7%
A atividade deve ser impulsionada, ainda, pelo desempenho do setor de serviços, que tem trazido resultados robustos. Além disso, pela ótica da demanda, o resultado do consumo das famílias deve apresentar força por conta dos recentes estímulos fiscais na renda. Resultados mais fracos tendem a depreciar o real.

ü  Payroll EUA - Novembro (sexta-feira 9h30)
estimativa: 200k
Considerando a atual conjuntura de aperto monetário dos EUA para controle da inflação, dados melhores do mercado de trabalho tendem a fortalecer o dólar, pela perspectiva de prolongamento desse cenário restritivo. Contudo, apesar da surpresa altista de outubro da variação de empregos na folha de pagamentos das empresas, o mercado reagiu principalmente à Household Survey, que realiza pesquisa domiciliar e mostrou uma alta na taxa de desemprego na última divulgação. Caso ambas as pesquisas indiquem um arrefecimento do mercado de trabalho, o viés é de baixa para o dólar.

O cenário externo contribuiu positivamente para o desempenho de moedas de países emergentes nos últimos dias, principalmente refletindo a postura menos hawkish do Fed, após dados mais construtivos de inflação com um mercado de trabalho ainda resiliente. Além disso, a piora dos casos de Covid-19 na China – que coloca viés pessimista na atividade global à frente – foi contrabalanceada em parte por medidas de crédito anunciadas pelo governo chinês para estímulo interno. Contudo, ainda é incerto como e quando a China reabrirá, os rumos das tensões geopolíticas e se haverá piora no funcionamento da cadeia de suprimentos – fatores que definirão o comportamento dos preços de bens industriais, crucial à dinâmica inflacionária de 2023. Com isso, ainda persistem os temores de aperto de política monetária em países centrais, o que aumentaria a probabilidade de uma recessão global.

A moeda brasileira, porém, tem reagido principalmente ao cenário político doméstico. Embora o IPCA-15 tenha trazido uma perspectiva construtiva da inflação e o ambiente externo tenha diminuído um pouco o risk-off, rumores com relação a possíveis decisões do governo eleito têm mantido alta a volatilidade do real. A percepção do mercado, que segue especulando um possível Ministro da Fazenda, é de que não há sinalização concreta no sentido de austeridade fiscal, o que aumenta a cautela dos investidores. Nessa semana, espera-se que mais sinalizações – devido a ida do presidente eleito à Brasília – e alguma definição sobre a PEC de Transição possam reduzir os prêmios de risco.

Além disso, a agenda mais cheia, principalmente de dados internos de atividade, deve trazer uma maior previsibilidade quanto à dinâmica do próximo ano – que segue dependente da futura política fiscal, ainda desconhecida, e da evolução das economias externas.