Minuto Mercado
27/02/2023

SEMANA 27/02 A 03/03
5 minute readOs principais acontecimentos da semana que poderão influenciar a cotação do dólar de acordo com nossa consultoria econômica externa:
· Nota de Crédito Brasil - Janeiro (segunda-feira 9h30)
O crédito permanece como o principal vetor de risco à atividade brasileira. Neste início de ano, será importante observar concessões a PF (pessoas físicas), tendo em vista pagamentos como IPVA e outros encargos. Já com relação à PJ (pessoa jurídica), será foco a inadimplência. Uma taxa de inadimplência mais pressionada tende a desvalorizar o real.
· PNAD Contínua Brasil - Dezembro (terça-feira 9h)
Estimativa: 8,0%
Apesar das condições financeiras mais restritivas, o mercado de trabalho brasileiro segue indicando resiliência. E, embora o Caged (que agrega somente trabalhadores formais) tenha vindo mais fraco que o esperado em dezembro, analistas esperam que a PNAD – defasada por questões logísticas do IBGE – mostre uma taxa de desemprego ainda baixa. Resultados mais altos tendem a depreciar o real.
· Balança Comercial Brasil - Fevereiro (quarta-feira 15h)
Estimativa: US$ 2,5 bi
Após um resultado robusto em janeiro, alguma moderação é esperada no saldo de fevereiro – possivelmente refletindo as desacelerações interna e externa, em alguma medida. De todo modo, a balança de bens segue contribuindo positivamente para o resultado das contas externas. Dados acima das projeções tendem a apreciar o real.
· PIB Brasil - 4º Trimestre (quinta-feira 9h)
Estimativa: -0,2 QoQ
O produto brasileiro deve mostrar desaceleração na margem, devido à moderação do consumo das famílias em meio ao aperto monetário, à desaceleração da atividade global e à dissipação dos efeitos positivos do fim das medidas de distanciamento social. No ano, esse dado corresponderá a uma alta de 2,3%, segundo a mediana das projeções do mercado. Números acima do esperado atuam de forma a apreciar o real.
· ISM de Serviços EUA - Fevereiro (sexta-feira 12h)
Estimativa: 54,5
A alta vista no PMI de serviços tende a aparecer também no ISM, que já vinha indicando serviços mais fortes anteriormente. As recorrentes surpresas altistas dos dados recentemente indicam que a atividade americana segue resiliente, a despeito do aperto monetário. Diante desse cenário, resultados abaixo do esperado enfraquecem o dólar.
O dólar segue se fortalecendo no ambiente externo. Destaque para os dados americanos da semana passada, que indicaram um cenário de política monetária mais restritiva e por tempo mais prolongado nos EUA. Embora o PIB do 4º trimestre de 2022 tenha sido revisado para baixo (2,7% YoY), outros indicadores mostraram resiliência da economia, como o núcleo do PCE desse período, que foi revisado de 3,9% a 4,3% YoY e os pedidos de auxílio desemprego acima do esperado. Além disso, o PCE de janeiro (0,6% MoM) contribuiu majoritariamente para a aversão ao risco, já que o núcleo ficou 20bps acima do projetado (0,6% MoM). Por sua vez, a inflação de bens, alta e generalizada, reforçou o tom hawkish da ata do FOMC, divulgada quarta-feira. No documento, o Fed repetiu seu objetivo em atingir a meta de 2% da inflação e revelou que a redução do ritmo de alta de juros na última decisão de política monetária não foi consensual. Assim, cresceu a perspectiva de um ambiente global mais propenso à recessão – impactando negativamente moedas de países emergentes.
O real seguiu o risk-off externo, apesar dos sinais mistos da agenda doméstica. O IPCA-15 de fevereiro ficou acima das expectativas (0,76% vs proj. 0,72%), com aceleração de serviços subjacentes. Ainda que não signifique uma mudança de tendência dos preços, mais favorável nas leituras anteriores, esse dado contribui para a persistência das revisões altistas recentes de inflação. Além disso, o balanço de pagamentos de janeiro também surpreendeu negativamente, com um déficit em conta corrente de US$ 8,8 bilhões (vs est. US$ 8,2 bi) e o FDI de US$ 6,9 bilhões (vs est. US$ 7,6 bi). Contudo, qualitativamente a leitura das contas externas permaneceu positiva. E o noticiário político também ajudou a conter a depreciação da moeda brasileira, em certa medida, pela perspectiva de um novo arcabouço fiscal maduro e com regra de gastos, segundo o Secretário da Fazenda, e pela diminuição de ruídos do noticiário.
Nessa semana, a agenda mais cheia concentrará a atenção do investidor nos dados – tanto internos quanto externos. Além de EUA, PMIs da China e inflação da Zona do Euro serão preponderantes à visão prospectiva da economia global. No Brasil, dados de atividade serão destaque. De todo modo, sinalizações políticas seguem no radar.