Minuto Mercado
23/01/2023

SEMANA 23/01 a 27/01
5 minute readOs principais acontecimentos da semana que poderão influenciar a cotação do dólar de acordo com nossa consultoria econômica externa:
ü Balança Comercial Semanal - Brasil (segunda-feira 15h)
Após o saldo recorde em 2022, a balança comercial continua apresentando números robustos. Nas primeiras semanas de janeiro os saldos foram positivos, enquanto nos meses de janeiro dos anos anteriores houve déficit. É esperado que essa dinâmica positiva continue a despeito da desaceleração global. Dados mais fortes tendem a apreciar o real.
ü IPCA-15 Brasil - Janeiro (terça-feira 9h)
Estimativa: 0,52%
Serviços subjacentes devem continuar mostrando uma trajetória de arrefecimento, o que tende a neutralizar o número ainda relativamente elevado do headline, que refletirá uma pressão maior em alimentação. Números mais altos que a mediana das projeções tendem a depreciar o real.
ü Nota do Setor Externo Brasil - Dezembro (quinta-feira 9h30)
Estimativa: 54mi
As contas externas devem mostrar a persistência de uma conjuntura benigna, com um déficit baixo – assim como na última divulgação (US$ -60mi) – e investimentos estrangeiros diretos (FDI) ainda elevados (US$ 5,5 bi). Resultados mais fortes tendem a beneficiar o real.
ü PIB EUA - 4T (quinta-feira 10h30)
Estimativa: 2,7% QoQ
Após os resultados de dados de maior frequência dos últimos meses, que indicaram algum arrefecimento da economia americana, é esperado que o PIB do último trimestre do ano reforce essa percepção, ao mostrar um crescimento menor do que o registrado no terceiro trimestre (3,2% QoQ). Na atual conjuntura de aperto monetário, dados mais fortes tendem a fortalecer o dólar.
ü Nota de Crédito Brasil - Dezembro (sexta-feira 9h30)
Estimativa: 5323bi
Com o avanço das taxas de juros e dos spreads, o saldo e as novas concessões tendem a arrefecer, o que compromete a visão prospectiva. Além disso, um dos principais possíveis vetores de baixa para a atividade interna deste ano segue sendo o cenário do comprometimento de renda das famílias. Nesse cenário, o principal dado da Nota a ser acompanhado será a taxa de inadimplência: resultados abaixo do esperado tendem a apreciar o real.
O cenário externo tem apresentado sinais mistos quanto à economia global. A China, que entrou em seu feriado de Ano Novo Lunar ontem, trouxe sinais importantes na última semana. PIB, varejo e indústria ficaram muito acima das projeções, reforçando a expectativa de uma recuperação local no 2º trimestre de 2023, que deve registrar crescimento de 5%. Por outro lado, os números continuaram fracos e estímulos adicionais são esperados no país, de forma a reverter os efeitos negativos do baixo nível da confiança do consumidor, do decrescimento populacional e da desaceleração externa. No mesmo sentido, dados de EUA trouxeram sinais oposto. De um lado, as surpresas baixistas de PPI, varejo e produção industrial diminuíram o risk-off pela interpretação de que o ponto terminal da alta das Fed Funds será menor. De outro, tem crescido a discussão a respeito de uma recessão no país e sua escala. Nessa semana, o destaque será o PIB americano do último trimestre, que indicará com mais precisão a conjuntura econômica local.
Já o Brasil permanece com bastante volatilidade, diante de temores com relação às contas públicas. A entrevista do presidente foi preponderante ao desempenho do real na última semana, por criticar a independência do Banco Central, levantar a hipótese de uma alteração de meta de inflação e citar a isenção do IR para trabalhadores que recebam até 5 salários mínimos – que representaria uma renúncia fiscal de cerca de R$ 100 bi. Contudo, integrantes do governo, tanto da ala política quanto econômica, têm indicado visões opostas. A autonomia do BC foi reforçada pelo Ministro das Relações Institucionais; mudar a meta de inflação necessitaria de maioria no CMN (composto por Fazenda, Planejamento e Banco Central); e um reajuste da tabela do IR tende a ser discutido apenas no 2º semestre, quando vier à pauta a Reforma do Imposto de Renda. De todo modo, seguem as incertezas e novas sinalizações são esperadas.
Com relação aos dados, os destaques internos serão o IPCA-15, a Nota do Setor Externo e a Nota de Crédito, que indicarão o desempenho econômico brasileiro deste ano, sendo a taxa de inadimplência um indicador bastante relevante neste momento, dado que este tem sido um dos principais vetores de baixa para a atividade, enquanto a inflação e as contas externas têm mostrado uma conjuntura mais positiva.