Minuto Mercado

SEMANA 20/02 A 24/02

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Os principais acontecimentos da semana que poderão influenciar a cotação do dólar de acordo com nossa consultoria econômica externa:

  • Flash PMIs EUA - Fevereiro (terça-feira 11h45)
    Tanto indústria quanto serviços devem mostrar avanços na margem, embora ainda indicando retração. O viés de melhora vem de dados recentes de atividade, que mostraram resiliência da economia americana mesmo com as condições financeiras mais restritivas. Nesse contexto, dados acima do esperado tendem a apreciar o dólar.
  • Ata do FOMC - EUA (quarta-feira 16h)
    A redução do ritmo de alta das Fed Funds foi acompanhada, ao mesmo tempo, da indicação de ao menos dois outros avanços nas taxas (também de 25bps) e de um discurso tido como dovish de Powell. Segundo o presidente do BC americano, seria possível um cenário de inflação controlada sem recessão severa no país. Entretanto, dados recentes, mais fortes que o esperado, têm elevado a percepção de que a instituição tenha que agir de forma mais dura. Quanto mais hawkish o tom transmitido pelo comitê, maior tende a ser o fortalecimento do dólar.
  • IPCA-15 Brasil - Fevereiro (sexta-feira 9h)
    Estimativa 0,67% MoM
    Em janeiro, a inflação ao consumidor ficou abaixo do esperado e mostrou uma composição positiva. Essa dinâmica deve persistir, com serviços subjacentes e núcleos em tendência de queda, a despeito de volatilidades pontuais. Preços ao produtor em deflação, somados à desaceleração global, continuam contribuindo para uma inflação benigna de bens prospectivamente – principal vetor para o ciclo interno de alta de juros. Um resultado acima das projeções tende a depreciar o real.
  • Nota do Setor Externo Brasil - Janeiro (sexta-feira 9h30)
    A melhora da renda primária em relação a dezembro, quando houve um elevado patamar de remessas de lucros e dividendos, tende a ser contrabalanceada em alguma medida pela sazonalidade mais fraca da balança comercial de bens – embora as prévias do MDIC tenham indicado uma dinâmica ainda robusta da balança física. Do lado do FDI, a desaceleração interna tende a reverter gradualmente as fortes entradas de 2022. Dados acima do esperado atuam de forma a apreciar o real.
  • PCE EUA - Janeiro (sexta-feira 10h30)
    Estimativa: 0,5% MoM
    São esperados avanços no headline e no núcleo. Será importante observar, além disso, cada abertura do número, já que o resultado do CPI ficou alinhado às expectativas, mas trouxe uma composição desfavorável, elevando os prêmios de risco. Resultados acima do esperado fortalecem o dólar.

O dólar tem se fortalecido no mercado externo. Dados americanos seguem indicando que o aperto monetário do Fed pode ser mais prolongado e mais restritivo. Do lado da atividade, o varejo trouxe números mais fortes que o esperado, mesmo com o aperto monetário em curso. Já a inflação mostrou uma composição desfavorável dos preços ao consumidor, enquanto os preços ao produtor mais pressionados que as expectativas colocaram pressão adicional a uma postura mais hawkish do Fed. Falas mais duras de dirigentes também elevaram a percepção do mercado de um possível cenário recessivo global. Já a China, que tem dado suporte a um viés otimista nas projeções, injetou uma quantidade recorde de crédito de curto prazo em seu sistema bancário – o que pode trazer algum impacto inflacionário, ainda incerto. Assim, juros mais altos têm sido precificados também na Zona do Euro, onde persiste um patamar elevado de inflação.

Já o real seguiu volátil, reagindo principalmente ao noticiário político local, que contrabalanceou a piora externa. Destaque para a antecipação da divulgação da proposta de arcabouço fiscal pela Fazenda, para março. A perspectiva mais próxima de clareza acerca das contas públicas atuou de forma a diminuir a incerteza do investidor. A entrevista do presidente do BC e a resolução da reunião do CMN também trouxeram mensagens positivas, pois indicaram a disposição de alinhamento entre Banco Central e equipe econômica do governo, além de postergar uma eventual mudança nas metas de inflação. Por fim, as definições do salário mínimo (em R$ 1320,00) e da isenção do imposto de renda (para até dois salários mínimos) também foram lidas como positivas, já que alternativas menos austeras estavam sendo consideradas. Esses vetores aliviaram o ambiente recente de instabilidade interna.

Nessa semana, apesar da liquidez reduzida por conta do feriado de Carnaval, vários dados relevantes devem influenciar a performance dos ativos. Lá fora, o foco será as expectativas de condução de política monetária do Fed. Já aqui, o IPCA-15 tende a contribuir para o debate do atual patamar da taxa Selic.