Minuto Mercado

SEMANA 20/03 A 24/03

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Os principais acontecimentos da semana que poderão influenciar a cotação do dólar de acordo com nossa consultoria econômica externa:

  • Balança Comercial Semanal - Brasil (segunda-feira 15h)
    Os primeiros 8 dias úteis de março mostraram um superávit bastante expressivo (de US$ 4,2 bi), com destaque para as exportações de petróleo e derivados. A cobrança do imposto de 9,2% sobre as exportações de óleo bruto, que passou a vigorar neste mês (conforme MP 1.163/2023), deve continuar favorecendo esse escoamento. Superávits tendem a apreciar o real.
  • FOMC - EUA (quarta-feira 15h)
    Estimativa: 5,00%

    Vetores mistos têm atuado sobre a percepção do investidor. De um lado, a possível crise de liquidez global contribui para que o Fed tenha uma postura menos hawkish com relação aos juros – mesmo após afirmar recentemente que poderia reacelerar o ritmo de altas. Por outro lado, dados recentes continuam indicando resiliência da economia americana. Uma alta maior que a esperada e/ou um discurso mais duro de Powell (às 15h30) tendem a fortalecer o dólar.
  • Copom - Brasil (quarta-feira 18h30)
    Estimativa: 13,75%
    A despeito do consenso de manutenção da taxa Selic, o comunicado deve ser preponderante à percepção dos agentes, que passaram a vislumbrar cortes dos juros em um horizonte mais próximo. Tanto o cenário externo mais adverso quanto a diminuição das incertezas fiscais internas, em alguma medida, contribuem para que o balanço de riscos do Comitê seja alterado.
  • Pedidos de Auxílio Desemprego - EUA (quinta-feira 9h30)
    Estimativa: 200k
    Apesar de salários terem mostrado arrefecimento e a taxa de desemprego ter avançado, o mercado de trabalho persiste como um vetor altista sobre a inflação americana. Na última semana, os pedidos ficaram mais fracos que o consenso das projeções, assim como o Payroll mostrou surpresa altista na última divulgação. Na atual conjuntura, dados acima das projeções tendem a enfraquecer o dólar.
  • IPCA-15 Brasil - Março (sexta-feira 9h)
    Estimativa: 0,65% MoM

    A composição menos favorável da inflação das últimas divulgações pressionou as projeções para a prévia deste mês – com destaque para a alta de serviços subjacentes. Ainda que a visão continue construtiva para o médio prazo, principalmente por conta de bens industriais, este é um vetor a ser monitorado, diante de um cenário de política monetária possivelmente menos restritivo. Dados abaixo da expectativa tendem a valorizar o real.

O cenário externo tem apresentado bastante volatilidade. Destaque para a falência de bancos nos EUA e a posterior intervenção do governo americano. O banco Credit Suisse, por sua vez, também relatou ter encontrado fragilidades em seus controles internos, impactando negativamente o preço de suas ações e prêmio de risco medido pelo CDS. Apesar disso, o Banco Central Europeu optou por manter seu aperto monetário (com uma nova alta de 50 pontos). Já a China agiu de forma a dar suporte à liquidez bancária, ao cortar em 25bps sua taxa de compulsório – após dados indicarem uma retomada não tão forte quanto a esperada no primeiro bimestre do ano. Com isso, moedas de países emergentes foram penalizadas ao longo da semana e a aversão ao risco tende a permanecer elevada, a despeito das ações de governos e BCs.

No Brasil, o noticiário político conteve, em alguma medida, a desvalorização vinda do ambiente externo adverso. A apresentação da proposta do novo arcabouço fiscal a ministros e ao Presidente da República aumentou a probabilidade de sua divulgação nessa semana. Caso seja divulgada de fato antes da reunião do Copom, pode haver alguma sinalização ainda que sutil, por parte do BC, de certa redução do risco fiscal no balanço de riscos, indicando um movimento de queda nas taxas de juros. Já o resultado da PNAD Contínua de janeiro mostrou que o mercado de trabalho brasileiro tem desacelerado. Isso, a tendência de desinflação à frente e os dados de crédito piores dão espaço para o Banco Central alterar o balanço de risco.

De todo modo, o real deve continuar volátil, diante dos desdobramentos políticos internos. No final de semana, notícias indicaram que a nova regra fiscal pode ser divulgada apenas após o Copom. Lá fora, o destaque será a sinalização do Fed quanto aos próximos passos de política monetária.