Minuto Mercado

SEMANA 16/01 a 20/01

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Os principais acontecimentos da semana que poderão influenciar a cotação do dólar de acordo com nossa consultoria econômica externa:

ü  PIB China - 4º Trimestre (segunda-feira 23h)
Estimativa: -1,1% QoQ
Ainda refletindo a política de “Covid-Zero”, a economia chinesa deve apresentar retração no último trimestre do ano, na comparação trimestral. Além disso, dados de dezembro, como produção industrial e vendas do varejo, que serão divulgados conjuntamente, também devem arrefecer em relação ao ano anterior, por conta desta conjuntura. Dados abaixo do projetado tendem a fortalecer o dólar, pela perspectiva menos construtiva para a economia global.

ü  Empire Manufacturing EUA - Janeiro (terça-feira 10h30)
Estimativa: -8,6
A sondagem industrial, embora ainda em terreno negativo e, portanto, indicando retração, deve mostrar melhora em relação a dezembro (quando o índice registrou -11,2). Vale notar, contudo, que o dado tem apresentado alguma volatilidade. No geral, permanece a trajetória de arrefecimento de expectativas para o setor. Números mais altos que a mediana das projeções tendem a enfraquecer o dólar.

ü  PPI EUA - Dezembro (quarta-feira 10h30)
Estimativa: -0,1% MoM
A inflação ao produtor deve continuar sua tendência recente de arrefecimento, contribuindo para a expectativa de redução do ritmo de alta das Fed Funds (para 25bps) – probabilidade majoritária principalmente após o resultado do CPI, que recuou 0,1% na margem em dezembro. A melhora da dinâmica das cadeias produtivas e a desaceleração global em curso tendem a moderar os preços de bens industriais no atacado. Resultados abaixo do esperado tendem a enfraquecer o dólar.

ü  PNAD Contínua Brasil - Novembro (quinta-feira 9h)
Estimativa: 8,1%
A divulgação da taxa de desemprego, que foi postergada pelo IBGE, tende a registrar uma desaceleração (direção contrária ao apontado pelo Caged, que registrou uma menor geração de empregos formais que o esperado para novembro). Assim, a despeito da atual conjuntura de aperto monetário, espera-se que o cenário siga benigno para o mercado de trabalho. Dados mais fortes tendem a apreciar o real.

ü  Vendas de Moradias Usadas EUA - Dezembro (sexta-feira 12h) Estimativa: 3,95mi
Em 2022, o setor imobiliário apresentou maioria de surpresas baixistas nos dados, refletindo o patamar mais elevado dos juros nos EUA. Essa perda de tração, somada a um mercado de trabalho resiliente e ao arrefecimento recente da inflação, contribui para a expectativa de um aperto monetário menos agressivo por parte do Fed, o que diminui a expectativa de uma recessão à frente no país. Nesse cenário, resultados acima do esperado têm fortalecido o dólar.

O cenário externo tem contribuído positivamente à percepção do investidor quanto à economia global prospectiva. Embora haja uma desaceleração econômica em curso, resultados mais recentes, principalmente de EUA e China, têm permitido vislumbrar uma conjuntura futura menos negativa. A dinâmica americana interna, que põe em risco a economia mundial, segue mostrando efeitos positivos do aperto monetário sobre preços, enquanto os empregos seguem fortes. Isso permite vislumbrar patamares menos pressionados de juros e alguma resiliência da atividade no país. Quanto à economia chinesa, a reabertura pós-política de “Covid-Zero” continua colocando viés altista sobre as projeções. De todo modo, a cautela do investidor permanecerá data dependent, uma vez que essa tendência de otimismo recente precisa ser concretizada.

No Brasil, a área política continua em destaque, sendo que, nos últimos dias, as sinalizações atuaram de forma a reduzir os prêmios de risco. Do lado dos dados, embora tenha sido confirmada a expectativa de atividade em desaceleração no último trimestre de 2022, a dinâmica da inflação continuou benigna. Isso, somado ao anúncio de medidas econômicas do novo governo e à redução da instabilidade decorrente dos atos de 8 de janeiro, permitiu ao mercado enxergar condições financeiras menos desfavoráveis à frente. Ainda que a equipe econômica tenha concentrado suas projeções de ajuste fiscal no lado das receitas e que haja possíveis superestimações, seu comprometimento em reduzir o déficit primário já deste ano ajudou a conter as incertezas – concomitantemente à melhora da conjuntura externa. Mesmo assim, os ativos continuarão bastante suscetíveis ao noticiário político, uma vez que seguem incertos os desdobramentos das eleições da Câmara e do Senado, a efetividade dos planos econômicos propostos e a atuação do governo com relação a possíveis novos atos, bem como seus efeitos.

A ausência de dados relevantes na agenda interna, com exceção da PNAD Contínua, também concentrará a atenção do investidor nos dados externos.