Minuto Mercado

SEMANA 09/01 a 13/01

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Os principais acontecimentos da semana que poderão influenciar a cotação do dólar de acordo com nossa consultoria econômica externa:

ü  Discurso de R. Bostic (Fed Atlanta) - EUA (segunda-feira 14h30)
Apesar de dados recentes mais favoráveis ao cenário inflacionário americano, o mercado de trabalho segue forte nos EUA. Assim, o dirigente – que tem tido um dos tons mais duros dentre os demais em suas falas – deve manter sua postura hawkish, a fim de evitar um maior afrouxamento das condições financeiras, que seria contraproducente ao aperto monetário em curso. Um discurso mais ameno com relação às Fed Funds tende a enfraquecer o dólar.

ü  IPCA Brasil - Dezembro (terça-feira 9h)
estimativa 0,45% MoM

Nessa divulgação, destaque para o avanço de alimentação com relação a novembro (quando houve alta de 0,41% MoM do número cheio), contrabalanceado as desacelerações de gasolina e de energia elétrica. A dissipação do efeito da queda dos preços de perfumes também contribuirá para esta alta – embora permaneça a visão construtiva com relação à trajetória de queda dos núcleos. Números mais pressionados tendem a depreciar o real.

ü  PMC Brasil - Novembro (quarta-feira 9h)
estimativa -0,3% MoM

A transferência do Auxílio Brasil favoreceu os últimos dados do varejo, em um cenário de mercado de trabalho ainda resiliente. Contudo, as sondagens mais recentes do comércio têm indicado um arrefecimento das expectativas, no atual ambiente de política monetária restritiva, o que coloca viés baixista para a dinâmica do setor. Resultados acima do esperado tendem a apreciar o real.

ü  CPI EUA - Dezembro (quinta-feira 10h30)
estimativa 0,0% MoM

Após a surpresa baixista da última divulgação, o mercado espera estabilidade dos preços ao consumidor. Bens, excluindo alimentação e energia, recuaram em novembro e devem continuar contribuindo positivamente, em linha com a desaceleração global em curso. Além disso, também é esperado que serviços continuem a trajetória de decrescimento, embora ainda pressionados por moradia. Dados mais fortes tendem a fortalecer o dólar.

ü  Confiança do Consumidor de Michigan EUA - Prévia de Janeiro (sexta-feira 12h) estimativa 60,5
Além de indicar a percepção quanto às condições atuais, o dado também traz também as expectativas de inflação do consumidor em diferentes horizontes – tema central da discussão econômica hoje. Espera-se um avanço da confiança em relação a dezembro (59,7), que enfraqueceria o dólar, mas será importante observar as aberturas deste resultado.

Na semana passada, dados de emprego dos EUA foram preponderantes no cenário externo, apesar dos desdobramentos da reabertura chinesa e a instabilidade econômica e política britânica, que aumentam o risk-off do investidor. Destaque para o Payroll de sexta-feira, que ficou acima da expectativa (223k vs projeções de 202k), mas registrou variação de salários abaixo do esperado e revisões baixistas de dados anteriores, corroborando outros dados que indicavam um mercado de trabalho forte nos Estados Unidos. A divulgação do ISM de Serviços (que passou de 56,5 para 49,6 em dezembro), boa proxy para o PIB, também ajudou a diminuir a chance de uma recessão acentuada no país – pelo ambiente menos inflacionário, mas com empregos resilientes. De todo modo, persiste a cautela quanto ao ambiente global em desaceleração e, nos próximos dias, o destaque será o CPI americano.

Já o cenário interno continua marcado por contínua volatilidade do real por conta das incertezas políticas. Destaque, na semana passada – primeira semana do atual mandato – para a decisão de prorrogação da desoneração de combustíveis por dois meses e falas contrárias entre si dos próprios membros do governo, que elevaram os temores com relação à política fiscal prospectiva. Os ataques aos Três Poderes e suas consequências, contudo, devem dar o tom do mercado a partir de agora, uma vez que a turbulência institucional tende a afetar a agenda, principalmente das medidas econômicas, mas também das coordenações políticas essenciais à governabilidade.

Diante dessa conjuntura, o mercado estará suscetível majoritariamente ao noticiário interno – que está tendo destaque, inclusive, nas mídias internacionais. É possível que haja uma escalada de tensões, como paralisações e novos bloqueios. A conduta do Executivo portanto, bem como da classe política em geral, tende a ser o principal foco do investidor.