Minuto Mercado

SEMANA 06/03 A 10/03

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Os principais acontecimentos da semana que poderão influenciar a cotação do dólar de acordo com nossa consultoria econômica externa:

  • Encomendas à Indústria EUA - Janeiro (segunda-feira 10h30)
    Estimativa: 1,8% MoM
    O setor manufatureiro já apresenta um nível da capacidade instalada da indústria menos pressionado, em linha com as condições financeiras mais restritivas. Isso, somado às recentes surpresas altistas dos dados americanos que elevam a percepção de juros mais altos, aumenta a probabilidade de uma recessão nos EUA. Com isso, resultados abaixo do esperado têm fortalecido o dólar.
  • IGP-DI Brasil - Fevereiro (terça-feira 8h)
    Estimativa: -0,02% MoM
    Os preços do atacado seguem mostrando arrefecimento, com destaque para o núcleo do IPA Industrial, em linha com a desinflação global de bens acompanhada. Apesar da surpresa altista recente da inflação ao consumidor, os sinais continuam apontando uma desaceleração de núcleos, contribuindo para uma perspectiva favorável. Dados mais fortes tendem a depreciar o real.
  • JOLTS EUA - Janeiro (quarta-feira 12h)
    Estimativa: 10584k
    Antecedendo o Payroll, esse dado deve indicar a dinâmica do mercado de trabalho americano – ainda bastante resiliente, conforme outros dados de mais alta frequência, como os pedidos de auxílio desemprego. Na atual conjuntura de aperto monetário, dados acima das projeções tendem a apreciar o dólar.
  • Caged Brasil - Janeiro (quinta-feira 9h30)
    Estimativa: 65k
    O dado do mercado de trabalho formal deve indicar alguma recuperação da dinâmica dos empregos, após a surpresa negativa da divulgação anterior – ainda que o mercado de trabalho siga resiliente. De todo modo, é esperado que a atividade passe a mostrar sinais de desaceleração, em resposta ao aperto monetário. Resultados acima do esperado tendem a beneficiar o real.
  • Payroll EUA - Fevereiro (sexta-feira 10h30)
    Estimativa: 215k
    Após a surpresa significativa do mês anterior, o mercado espera um número mais moderado para o mercado de trabalho. Ainda que salários persistam em trajetória de desaceleração, dados recentes de inflação continuam indicando uma demanda americana aquecida – o que eleva expectativas em torno de juros mais restritivos. Nesse contexto, dados mais fortes tendem a fortalecer o dólar.

O dólar mostrou algum enfraquecimento, apesar de persistir o clima de aversão ao risco no ambiente externo. Destaque para os PMIs da China, que ficaram acima das expectativas, indicando expansão da indústria e de serviços – o que contribui para um viés mais otimista para a atividade global deste ano. Já os indicadores americanos continuam reforçando a resiliência da economia dos EUA, apesar do aperto monetário em curso. O ISM de Serviços ficou acima do esperado novamente (55,1 vs est. 54,5), mostrando a força da demanda local. Assim, a perspectiva de condições financeiras restritivas por tempo prolongado nos Estados Unidos continua limitando uma melhora do mercado. Além disso, os dados de inflação persistiram desfavoráveis também na Zona do Euro. Ou seja, segue no radar do investidor a possibilidade de um quadro global recessivo.

Já o real segue bastante volátil e depreciou semana passada. Destaque para o noticiário político, que trouxe sinais mistos. De um lado, a reoneração sobre combustíveis foi concretizada (ainda que parcialmente). Além disso, o anúncio de que o plano fiscal do governo deve ser divulgado nessa semana ajudou a conter as incertezas. Por outro lado, o governo instituiu um imposto de exportação de 9,2% para o petróleo bruto por quatro meses, além de outras notícias interpretadas como sinalizações negativas. Com relação aos dados, o PIB do 4º trimestre ficou alinhado às expectativas (-0,2% QoQ) e houve avanço da taxa de inadimplência (de 3,0% para 3,2% em janeiro). Esses resultados contribuíram também para uma piora na percepção de risco, já que investimentos registraram um desempenho desfavorável e o cenário de crédito continua comprometendo a atividade prospectiva.

Nessa semana, além dos dados, terá destaque o Congresso do Povo da China, no qual já foi definida uma meta de crescimento de 5% para 2023 (aquém do esperado) e novas sinalizações indicarão o desempenho do país economicamente e geopoliticamente. Aqui, seguirá o debate em torno do atual patamar da taxa Selic – o que tem elevado a desconfiança do investidor – enquanto a divulgação dos planos fiscais do governo pode conter o risk-off em alguma medida.