Minuto Mercado

SEMANA 06/02 A 10/02

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MINUTO MERCADO MONEYCORP
SEMANA 06/02 A 10/02

Os principais acontecimentos da semana que poderão influenciar a cotação do dólar de acordo com nossa consultoria econômica externa:

ü  Focus - Brasil (segunda-feira 8h25)
Os principais indicadores macroeconômicos devem apresentar revisões no relatório do BC, que considera as expectativas do mercado. Destaque, nessa divulgação, para as projeções da taxa Selic. Embora tenha havido sucessivas altas desde dezembro, as medianas da taxa de juros tendem a sofrer novos avanços – refletindo a visão mais cautelosa do Banco Central no tocante à política fiscal prospectiva. Números mais conservadores tendem a fortalecer o real.

ü  Ata do Copom - Brasil (terça-feira 8h)
Apesar da manutenção da taxa Selic, conforme consenso, o comunicado do Copom trouxe um tom mais hawkish que o esperado na semana passada. Isso contribuiu para a apreciação do real, diante das atuais incertezas políticas e fiscais. A ata deve reforçar essa postura do Banco Central. Quanto mais duras as sinalizações, maior tende a ser a valorização do real.

ü  Fluxo Cambial - Brasil (quarta-feira 14h30)
As revisões extraordinárias do BC da última Nota do Setor Externo (concentradas nas importações do segmento comercial) diminuíram expressivamente o saldo acumulado do fluxo cambial contratado – o que piorou as percepções acerca do mercado de câmbio local. Por outro lado, a entrada robusta do segmento financeiro na semana passada colocou viés otimista ao fluxo prospectivo. Superávits tendem a apreciar o real.

ü  IPCA Brasil - Janeiro (quinta-feira 9h)
estimativa: 0,56% MoM
A surpresa altista registrada no IPCA-15 pressionou as projeções para o fechado do mês – por conta, principalmente, da inflação mais alta de Comunicação e da deflação mais moderada que o previsto de Passagens Aéreas. Apesar disso, a leitura dos preços ao consumidor continuou positiva, uma vez que Serviços Subjacentes seguiram em desaceleração. Dados abaixo da expectativa e/ou composições benignas tendem a valorizar o real.

ü  PMS Brasil - Dezembro (sexta-feira 9h)
estimativa: 1,0% MoM
Após a estabilidade registrada em novembro, o setor de serviços deve avançar na margem. Contudo, esse número significará um recuo importante na comparação interanual (que passará 6,3% de 2021 a 3,9% em 2022). Além das diferentes bases de comparação, esse crescimento mais modesto do ano passado reflete as condições financeiras mais restritivas, que impactaram principalmente o último trimestre. De todo modo, este segue sendo o setor com melhor desempenho, diante do mercado de trabalho interno ainda forte. Resultados mais fracos tendem a depreciar a real.

Sinais mistos têm contribuído para a volatilidade do dólar no mercado externo. De um lado, o tom mais dovish que o esperado de Powell, após a decisão do FOMC de elevar as Fed Funds em 25 pontos, enfraqueceu significativamente o dólar. Os investidores puderam vislumbrar, com isso, o cenário de “soft landing” da economia americana, pela perspectiva de uma política monetária restritiva por menos tempo. Contudo, o Payroll ficou significativamente acima do esperado (517k vs projeções de 189k), revertendo a expectativa de cortes das taxas de juros ainda em 2023 nos EUA. De todo modo, os sinais seguem predominantemente positivos no ambiente externo: (i) os salários americanos continuaram a mostrar tendência de desaceleração; (ii) os ISMs americanos trouxeram mensagens positivas; (iii) os PMIs chineses mais fortes deram suporte a um viés otimista para a atividade global prospectiva; e (iv) os tons mais amenos do BCE e do BoE diminuíram a probabilidade de um cenário recessivo intenso à frente.

No Brasil, sinalizações opostas também têm atuado de forma a manter o desempenho volátil do real. A postura mais hawkish do BC indicou o comprometimento do Comitê no sentido de manter a meta de inflação inalterada e sua autonomia. Foram apresentados (i) uma alta expressiva da projeção de inflação de 2024; (ii) um cenário alternativo que contempla manutenção do atual patamar dos juros em todo o horizonte relevante; e (iii) a explicitação de incertezas econômicas e fiscais. Além disso, as eleições das Casas mostraram um cenário de maior necessidade de negociação por parte do Executivo com a Câmara e a percepção de um ambiente menos ruidoso no Senado, com relação à tramitação de propostas econômicas, ao mesmo tempo em que mostrou uma oposição ao governo ainda sólida. Por outro lado, a entrevista do presidente reacendeu os temores do mercado, já que a independência do Banco Central e atual sistemas de metas foram postos em pauta novamente.

Nessa semana, o noticiário político tende a ser o destaque no ambiente doméstico. Lá fora, a ausência de indicadores relevantes também deve concentrar as atenções do investidor às sinalizações políticas – com destaque para a escalada de tensões entre EUA e China.