Minuto Mercado

SEMANA 05/12 A 09/12

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Os principais acontecimentos da semana que poderão influenciar a cotação do dólar de acordo com nossa consultoria econômica externa:

ü  ISM de Serviços EUA - Novembro (segunda-feira 12h)
Estimativa: 53,5
Após o PMI de Serviços indicar retração do setor, a expectativa é que o ISM também recue em relação ao mês anterior, em linha com os dados recentes da economia americana, que têm mostrado algum arrefecimento. Isso reforçaria a percepção de uma política monetária mais construtiva do Fed e, portanto, favoreceria o real.

ü  Balança Comercial EUA - Novembro (terça-feira 10h30)
Estimativa: US$ -77 bi
No terceiro trimestre, o setor externo impulsionou o PIB dos EUA, ao trazer importações mais fracas (em linha com a atividade interna em desaceleração) e exportações robustas. Devido ao aperto das condições financeiras atual, é esperado que essa dinâmica continue – o que enfraqueceria o dólar, por contribuir para uma perspectiva de afrouxamento monetário à frente.

ü  COPOM - Brasil (quarta-feira 18h30)
Estimativa: 13,75%

Embora seja consenso a manutenção da taxa Selic, é possível que o Banco Central adote um tom mais hawkish em sua comunicação, dado o cenário de incertezas políticas e fiscais – o que contribuiria para o fortalecimento do real.

ü  PMC Brasil - Outubro (quinta-feira 9h)
Estimativa: 0,5% MoM (varejo ampliado)
Após uma recuperação em setembro (segundo mês de concessão do auxílio de R$ 600), é esperado que o varejo mostre uma nova moderação pela queda das expectativas para o setor, no atual cenário de aperto monetário, de incertezas políticas, e de um possível fim do efeito positivo na renda disponível derivado da queda do preço da gasolina. Números mais fortes tendem a fortalecer o real, pela perspectiva positiva para a atividade interna.

ü  IPCA Brasil - Novembro (sexta-feira 9h)
Estimativa: 0,55% MoM

A inflação ao consumidor deve ficar um pouco mais moderada do que o observado em outubro, e ainda mostrar uma visão construtiva pela dinâmica dos núcleos e de serviços. Combustíveis devem continuar como um dos vetores de alta, enquanto o efeito da Black Friday tende a ser moderado. Surpresas altistas tendem a depreciar o real.

O cenário externo contribuiu positivamente para a dinâmica de moedas de países emergentes nos últimos dias. Embora persistam incertezas com relação à dinâmica global do próximo ano, sinais das economias americana e chinesa permitiram reduzir os prêmios de risco. A perspectiva de que a China tende a reabrir – após a onda de protestos contra as restrições da política de “Covid-Zero” – somada a uma visão mais construtiva da política monetária do Fed em 2023, limitaram a expectativa de um cenário recessivo à frente. Embora o resultado do Payroll tenha mostrado um mercado de trabalho resiliente (o que reverteu em parte a melhora dos ativos), esse aperto monetário mais prolongado nos EUA já tinha sido apontado por Powell em seu discurso, que pesou nos mercados na quarta-feira.

 

Apesar da volatilidade, a moeda brasileira apreciou nos últimos dias também por conta do cenário interno. Embora permaneça o clima de maior cautela, a percepção de que a PEC de Transição deve ser ajustada (em valor e prazo) trouxe alívio ao investidor. A presença de Lula em Brasília também contribuiu para sinalizações de maiores concessões entre o governo eleito e as Casas. Contudo, a necessidade do atual governo de recursos para evitar o estouro do teto de gastos pode aumentar o poder de barganha da equipe de transição nesse momento. Assim, o real deve continuar suscetível principalmente ao cenário político, sendo que indicações de nomeações para Ministérios devem ter preponderância sobre a percepção prospectiva.


Com isso, os ativos devem continuar reagindo às expectativas políticas e aos dados da agenda que, nessa semana, está relativamente esvaziada. Aqui, o Copom mostrará estabilidade, mas é possível que o BC adote um tom mais duro na sua comunicação – o que tende a contribuir para o fortalecimento da moeda, embora o foco permaneça nas decisões do governo eleito.